sábado, janeiro 21, 2006

página em branco ...




parti o tempo
entre madrugadas

o meu sentir virei-o
para o mar
numa ânsia de partir

enchi noites de horror
e vidas amarguradas
entre melancolias
de paixões esquecidas

dei o dia
às palavras
que deslizaram no corpo
desfeitas em loucuras

cortei a veia
para sentir a emoção da dor
lentamente, dentro da solidão

espantei a lágrima
salgada que beijava a boca

escrevi azul
até acabar a tinta,
sentindo o vento
tocar nas feridas

deixei páginas brancas
para soletrar a vida

sem aviso ordenei idéias
e fechei os olhos...


l.maltez

43 comentários:

wind disse...

Um poema fortíssimo, diferente dos que costumas fazer, mas belo na mesma:) Parece um grito de desespero, pelo menos é assim que o sinto. beijos

Anónimo disse...

belíssimo poema onde as emoções estão esfarrapadas pela desilusão. Beijos meus

António disse...

Poema muito elaborado e complexo.
De entendimento difícil, mas com as palavras a cantarem uma melodia triste.

Obrigado pelas visitas.
Já tenho quasi preparados três episódios (esta tarde estive a escrever o 10º) e prevejo que ainda faltem uns três ou quatro.
Mas só com o correr da pena (neste caso dos dedos no teclado) é que se verá até onde as personagens me transportarão.

Beijinhos

Pink disse...

Poema tocante e muito intenso. O mar está sempre lá para ouvir e sentir os nossos desabafos ...

Um beijo

Fragmentos Betty Martins disse...

Lena

E "com estas palavras se escreve" o sentir da poesia - que beleza!

Beijinhos

Bfs

sotavento disse...

Em reflexão, portanto!... :)

Kalinka disse...

LENA:
Não encontro palavras para te dizer com que profundidade este poema me tocou, muito belo, forte, com muitas emoções, tu és a verdadeira poetisa!
Para mim tudo que fale do MAR tem um sentido especial:
para o mar
numa ânsia de partir
entre melancolias
de paixões esquecidas
para sentir a emoção da dor
lentamente, dentro da solidão...
sem aviso ordenei idéias
e fechei os olhos...!!!
QUE BELEZA...QUE SENSIBILIDADE.
ADOREI.
Muito obrigado pelas palavras que deixaste no meu kalinka, mas porque não foste à BTL, se tivesses dito ias comigo.Beijokas.

Amaral disse...

Creio que a página em branco ficou infinitamente radiante, coberta de cores quentes, em azuis delirantes, em sabores doces e aconchegos suaves.
O poeta, quando sente, tem sempre a musa a seu lado: "espantei a lágrima salgada que beijava a boca"…

Lagoa_Azul disse...

" O poeta é tão bom fingidor, que chega a sentir que é dor a dor que deveras sente"
Lindo poema Lena e assim se vai amadurecendo na vida.

Beijos com carinho.

Anónimo disse...

sempre com poemas a retratar uma vida...mesmo quando estás triste..escreves lindamente ;)*

Astri* disse...

De certo, um poema que me tocou bastante neste momento. Que me identifiquei palavra a palavra. Uma questão a por, eu como menina que vê o mar todos os dias e busca nele algum tipo de paz interior, pergunto: E quando o mar não nos dá a ansia de partir mas sim de ficar? E quando o mar nos diz coisas que não entendemos e mais tarde nos lembramos que é por isso mesmo, por não entendermos que não conseguimos ordenar a paz interior em nós? E quando por mais brancas achamos que as páginas são, vem o mar e mostra-nos que já lá foi escrito qualquer coisa, talvez o mesmo que acabamos por escrever, talvez o mesmo que acabamos por ter lido naquela página branca, de nada, sem palavras, sem tinta, mas com lagrimas?...

E esta musica faz-me chorar. Muito mesmo.

Beijo grande no coração, hj surpreendeste-me *********

Conceição Paulino disse...

ennqt ouço os resultados, (tristes) soube bem ler este teu poema. bjocas de luz e paz

Conceição Paulino disse...

ennqt ouço os resultados, (tristes) soube bem ler este teu poema. bjocas de luz e paz

GNM disse...

Escreves muitíssimo bem...
Gosto de te ler!

Uma excelente semana para ti!

Continua a sorrir...

MacLord disse...

Páginas em branco imaculado
páginas virgens que esperam pensamentos
Páginas a colorir com desejos sonhos
Páginas que aguardam a vida.

(obrigado pelo teu comentario no meu post)

beijinhos

BB
)O(

Amanda disse...

Que bem escrita que fica esta página em branco... Beijos

Unknown disse...

Palavras carregadas de emoção, fortes, um apelo, uma angustia.
Esse poema está belíssimo, com palavras que se espalham na mente.

Fabuloso

:******

SpiritMan aka BacardiMan disse...

Boa!!! Bela música, a do teu blog, sim! A condizer com a do post...

Gostei sim!!!

Cumprimentos mixed by Jameson 12 anos!

Night disse...

Que as páginas brancas sejam preenchidas com alegria, felecidade, amor e muita saude, beijinhos*

Manel do Montado disse...

Duro, sofrido...de uma mágoa grande equiparada à beleza da narrativa poética.
Beijo

Memória transparente disse...

De regresso, digo que lindo este trabalho, intenso também.
Vou destacar, se me é permitido, esta fragmento:
"...cortei a veia
para sentir a emoção da dor
lentamente, dentro da solidão

espantei a lágrima
salgada que beijava a boca

escrevi azul
até acabar a tinta..."

Beijinhos.

Madeira Inside disse...

Olá!!
Que bom ler-te, sinto que a tua poesia aumenta cada dia, sinto isso em ti, como sinto isso em mim!!
E que página em branco....repleta de palavras, que só quem quer ler, lindas!!
"o meu sentir virei-o
para o mar
numa ânsia de partir"

....

Desaparecida da teia?? ;P
hehe

Beijinhos

nspfa disse...

A bem dizer devo confessar que não apreciei muito a mensagem triste e de abandono que me parece inerente ao teu poema. Espero que seja uma nuvem de um dia frio de inverno que passará muito em breve.

Mas bolas, tirando essa amargura que transparece das palavras, não me lembro de ter lido um poema teu tão intenso e tão real.Como escreves de forma adorável.Fico mesmo estasiado!A sério.

beijinho amigo de quem adora vir aqui

deep disse...

bebo a mesma maresia do albatroz que paira na onda salgada dos teus dias

Nilson Barcelli disse...

O teu poema é muito forte.
Tem várias leituras possíveis, tal como qualquer bom poema.
E imagens, metáforas e outros adornos literários muito bem construídos.
Gostei, é muito bom e, provavelmente, foi escrito no banquinho da inspiração, em frente à cabana a olhares para o mar...
Beijinhos

Jorge Moreira disse...

Gostei muito deste teu recanto.
Grande Abraço,

☆Fanny☆ disse...

"parti o tempo
entre madrugadas

o meu sentir virei-o
para o mar
numa ânsia de partir"

Fiquei seduzida logo com estes primeiros versos!
O teu poema é triste, mas belíssimo!

Beijinhos*

Fanny

margusta disse...

Querida lena,
...LINDO e triste o que nos deixas neste poema...

Vais colorir essas páginas em branco amiga...tenho a certeza!

Beijinhos do mar para ti

Å®t Øf £övë disse...

Por vezes precisamos mesmo de nos isolar para ordenar ideias, e de tocarmos nas feridas para elas sararem.
Bjs.

Luís Monteiro da Cunha disse...

Que posso dizer, que não esteja já implicito nas tuas palavras tão abrangentes???

O meu sentir?
É apenas fragmento, de todo o lamento que de mim se apossou, pois cada palavra escrita, descreve na perfeição, tal pureza e emoção, que resolvo senti-las como minhas... e na alvura dessa folha... escrevo apenas "VIDA" em rodapé acrescento: "Sentida"

Bjinhos

Unknown disse...

Olá,
Passadas as tristezas é hora de demonstrar a felicidade que sinto por tudo aquilo de bom que possuo em vida, inclusive a tua amizade!
Gostei de conhecer teu cantinho e cá virei sempre que possível...
Escreves bonito, muito bonito...
Beijos, flores e muitos sorrisos para ti!

Maria Carvalho disse...

Nas páginas em branco em que se soltam os afectos, a dor, tudo o que nos irá preencher ainda um dia! Obrigada pelas tuas palavras nas minhas romãs. Beijinhos.

António disse...

Já comentei este teu post e até já conversamos sobre ele.

Venho agradecer-te a visita e o "comment" ao meu último episódio.
Gostei do humor que usaste ao "falar" sobre as personagens.
Volta sempre que me fazes falta.

Beijinhos

Anónimo disse...

"dei o dia
às palavras
que deslizaram no corpo
desfeitas em loucuras

cortei a veia
para sentir a emoção da dor
lentamente, dentro da solidão"

Que lindo, Lena... que lindo. Adorei cada palavra! É forte, é daqueles que apertam a garganta... por isso é perfeito :)

Beijinhos

folhasdemim disse...

Fabuloso!
Nem imaginas como me tocou...
Beijos, Betty

vero disse...

"cortei a veia
para sentir a emoção da dor
lentamente, dentro da solidão..."

Que lindo poema querida...
Lindo mas tão sofrido...

Beijinhos***

Tino disse...

O bom das páginas em branco é terem o potencial de se tornarem de todas as cores!
Um beijinho do mar azul para a menina da cabana :)

Maria disse...

Lena,
como sempre a cada retorno fico sem palavras que não seja para dizer que adoro o que encontro e a magica que se desprende de cada um dos teus poemas... sejam eles de amor ou de dor.

Um beijinho meu
Maria

Madeira Inside disse...

Olá!!
Passei por aqui para te deixar um beijinho e para agradecer as palavras bonitas que lá vais deixando na minha teia!!
Fica muito bem!!
Beijinhos :)

lique disse...

Irás encher as páginas em branco da tua vida de poemas. Os poemas escrevem-se e vivem-se. Tu irás viver muitos, de certeza.
Beijinhos

batista filho disse...

Nunca tinha visto/lido uma "página em branco" tão expressiva e bela!
Um abraço fraterno e saudoso.

Ofeliazinha disse...

Belo. :) Bom fim-de-semana.

LUIS MILHANO (Lumife) disse...

Poema para repensar. Achei um pouco triste. Por vezes os momentos é que nos ditam os sentimentos.

Beijinhos meus e da Carolina.

rosto...

  rosto em silabas as artérias estão vazias dentro de mim. escuto gritos sucessivos e a sede é abandono em dias inúteis. o tempo é...